quinta-feira, 7 de agosto de 2008

se todas as paixões fossem assim... (parte 2)

Ao acordar, as meninas me observavam. Perguntaram o que tinha acontecido, que depois que eu sai, Bruno tinha entrado no mar para surfar e quase não voltava. Ele parecia bem chateado, diziam elas. Disse a elas o que havia acontecido e elas ficaram surpresas com a minha reação.

Elas diziam que a única forma de tentar compensar o acontecido era ir para o lual que teria na praia. Obviamente elas queriam ir, mas só iriam se eu fosse. Pensei em não ir, mas era, talvez, a única oportunidade que eu teria para conversar com Bruno e explicar a situação.

A lua parecia ainda mais bonita que na noite anterior. Bruno foi a primeira pessoa que vimos.
- Quero falar com você. - falei.
- Agora? - ele perguntou friamente.
- Quando você puder.

Sentei perto de umas outras meninas que tinhamos conhecido. Cantamos a noite inteira com a fogueira no meio. O tempo inteiro não conseguia parar de olhar para ele. Havia essa menina, que estava ao lado dele, ela parecia estar bastante interessada nele, mas ele parecia não dar muita atenção. Começamos a cantar "Vamos fugir", quando Bruno veio até mim e sussurou em meu ouvido: "vamos fugir desse lugar...", pegando na minha mão e me puxando. Nos afastamos um pouco e eu falei:
- Desculpa..
- Tudo bem, se você não quer eu não devia ter insistido.
- Não é que eu não queira, mas por algum motivo achei meio precipitado. Também não entendi o que aconteceu.
- Então, se um dia você se entender, me avisa. Só posso não esperar...
- E se eu me entendesse agora?
- Ai, eu teria que fazer isso...

E me beijou. Provavelmente o melhor beijo de todos. Quando nos viramos, todo mundo estava olhando, ele pegou minha mão, beijou-a e disse:
- Seus metidos. Vão cuidar da vida de vocês.

Todo mundo riu. Voltamos para a roda e ficamos juntos o resto da noite. A menina que estava ao lado dele havia ido embora. Quando o lual terminou ele foi me deixar em casa.
- Sabia que foi melhor assim? - ele falou.
- É o quê?
- Olha como foi romântico. A lua, a música, a fogueira, o mar..Tudo isso deixou o clima perfeito pra gente.
- Não imaginava que você fosse tão romântico.
- Sua insensível. - falou me beijando.

Nos despedimos e entrei em casa. Acho que adormeci sorrindo de tão feliz. Nem lembro do sonho que tive, só conseguia pensar em Bruno e na gente. No dia seguinte, ao acordar, estava muito feliz. Tudo parecia um sonho. Não conseguia acreditar que uma pessoa tão especial tinha aparecido para me fazer mais feliz. Estava tudo tão bom que tinha medo de estragar tudo.

Estava tão distraída com meus pensamentos que nem havia percebido que havia uma rosa sobre a mesa com meu nome nela. Era dele. Não acreditava no quanto ele era fofo. Fiquei parada, meio que sem saber como agir. Ele parecia ser tudo o que sempre sonhei e não queria que ficasse apenas num amor de férias. Fui à praia para encontrá-lo. Ele estava surfando, só para variar.

Saiu do mar e ficamos conversando até um amigo dele vir chamá-lo. Ele teve que ir e não voltou. Minhas amigas e eu estranhamos. Não entendi o que estava acontecendo, e não o vi mais durante todo o dia. Indignada achei que era melhor esquecer mesmo. Seria apenas mais um e pronto. Homens eram sempre todos iguais. Não entendia como pude ser tão tola de acreditar naquela conversa de "você é especial". Retrai-me e deixei passar o resto do dia deitada na rede pensando.

Não havia dormido a noite inteira e resolvi sair de manhã bem cedo para caminhar. Seria o nosso último dia na casa de praia e achei que o melhor era não voltar para casa emburrada. Um dos amigos dele me procurou quando estava na praia, para me explicar o que havia acontecido. O pai dele estava doente e ele teve de voltar por causa disso.

Fiquei arrasada com a minha insensibilidade. Como pude pensar tão mal dele? Ele talvez não fosse como os outros que eu havia conhecido. Voltei ao lugar onde ele havia me levado e pensei se seria realmente verdade o que o amigo tinha dito ou não. Essa dúvida me consumia. Queria acreditar no amigo, mas a experiência me apontava o contrário. Fechei os olhos por um instante e uma brisa leve bateu no meu rosto. Parecia como se alguém estivesse ali, mas não tinha ninguém. Fiquei mais um tempinho e voltei para terminar de arrumar minhas coisas. Cheguei a conclusão que o melhor era esquecer. Amor de praia não sobe a serra, já diz o ditado, além do que talvez não o visse nunca mais.

O amigo de Bruno passou novamente na nossa casa e disse que também estava indo embora, mas queria o número da gente pois no fim das férias ele tradicionalmente dáva uma festa e queria nos convidar. Além disso, ele havia se interessado por uma das minhas amigas e era uma oportunidade perfeita pra vê-la novamente e eu poderia encontrar Bruno de novo. Tinha medo de como seria, preferi nem pensar.

(tem continuação...)

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