quinta-feira, 31 de julho de 2008

enterrada como um tesouro...

Após dois anos e meio apaixonada não sabia bem o que fazer. Na verdade, dizer que foram exatos dois anos e seis meses é um erro. Com tantas coisas que aconteceram era dificil dizer que no fim ainda era apaixonada. Talvez isso que faltou. Dizer que precisava se re-apaixonar. Se alguém perguntasse por quem, a resposta era óbvia, pelo seu namorado. O problema é que nunca disse isso a ele, pois ele nunca entenderia. Amava-o, mas era insuportável continuar como estava.

Mas, e agora? A teoria era se congelar. Não gostar de ninguém tão cedo. Não se envolver tão cedo. Não se apegar. Seria isso possivel? Logo ela, de todas a mais romântica. A que sempre se apaixonava, assim, tão facilmente. A que bastava um beijo para sonhar quase todo um futuro pela frente. Sim, ela. Essa garota romântica precisava por os pé no chão e se "congelar". Tentaria não se apegar a ninguém.

Com pouco tempo sabia que isso não daria certo. Se uma determinada antiga paixão aparecesse bastaria para que todo seu discurso caisse por terra. Ele só precisaria dizer uma coisa. Mas, ele nunca disse. Ele nunca fez. Ele nunca desafio aquele discurso.

Apareceu outro. Atencioso, simpático, agradável, inteligente. Tinha qualidades que ela admirava e conseguia envolvê-la de forma leve e sutil. Quando deu por si estava envolvida. Esperava ele no MSN, esperava que o telefone tocasse, esperava um convite. Quando o convite finalmente veio, durante uma conversa no MSN, ela esperou que o telefone tocasse no dia marcado. Mas, esperou já tão desacreditada, que logo marcou algo e saiu. Mais uma vez seu discurso continuou intacto.

Depois disso esfriou a cabeça. Sabia que não seria facil encontrar uma paixão e achou que nem devia mais procurar. Deixar as coisas acontecerem sempre foi algo que ela pensou, então, porque não pensar nesse momento? O que aconteceu foi uma investida errada. O medo de se entregar parecia tão grande que era mais fácil procurar e demonstrar coisas sem futuro do que uma coisa duradoura e estável.

Assim foi, que, de repente, achou ter achado alguém. O medo era tão grande, que chegou a falar a frase:"não deixa eu me apaixonar por ele"! Quem diz um negócio desse?! Quem não quer se apaixonar por uma pessoa que, aparentemente, era legal, atenciosa, carinhosa e que parecia estar no mesmo rumo?! Afastou-se, por motivos já citados. Aproximou-se quando viu que seu romantismo queria alguém do lado, alguém perto. Alguém para ligar naqueles dias em que a bebedeira fosse demasiada e quisesse ouvir uma voz amiga. Alguém para sair no domingo sem graça. Alguém para conversar por horas.

Só que esse alguém que ela não queria se apaixonar, realmente não queria se apaixonar. Ou se queria, não era exatamente por ela. E, ao descobrir isso ela sofreu. Quando seu discurso quase caia por terra, ela percebeu que ela não seria correspondida. De que valeria se apaixonar sozinha!? Não era mais isso que ela queria. Queria uma paixão correspondida, não um amor platônico. Entretanto, essa ferida demorou a cicatrizar. Passou meses desejando não ter se envolvido tanto. Não ter agido como agiu. Feito diferente. Até o dia em que conseguiu enxergar que o problema não era dela. Ele talvez estivesse apaixonado, mas não por ela.

Recolheu seus cacos, já que aprendeu que ninguém recolherá por ela, e seguiu em frente. Continua seguindo, com um medo tremendo que nunca teve na vida. Como nenhuma vez na vida está com medo de se envolver. Não consegue imaginar com os homens que beija nada além dos minutos seguintes. Talvez um recado no Orkut no dia seguinte. Uma conversa no msn já é quase uma raridade. Pedir o telefone e efetivamente ligar? Isso nem passa pela cabeça dela. Guarda no fundo do seu peito todos os sonhos românticos, todas as frases bonitinhas, todos os filmes de comédia romântica com os quais sonha, todos os telefonemas que nunca recebeu nem receberá. Guarda como quem guarda um tesouro. Enterrado lá no fundo. Tão no fundo que parece que não sente mais nada. E parece, até, que nunca mais vai voltar a sentir...