segunda-feira, 17 de novembro de 2008

vivendo o sonho...

Acordou com aqueles grandes olhos verdes olhando para ela. Estranhou a foma como ele a olhava. Parecia que era a primeira vez que a via. Sorriu para ela e lhe deu bom dia.

- Que horas são?
- 8hr.
- E tu já acordou?
- É porque tenho que resolver umas coisas do trabalho. Fica ai dormindo, que eu não vou demorar.
- Mas, tu nem me disse nada. Eu odeio ficar aqui sozinha, dormindo.
- Tá todo mundo em casa. Minha mãe não vai entrar aqui. Ela até disse que se você quisesse tomar café que fosse lá.

Estranhou tudo aquilo. Ele sempre avisava quando tinha que trabalhar aos sábados, para que ela não ficasse lá só. Beijou-lhe o rosto e saiu.

Ficou ali pensando no que faria. Espreguiçou-se e deitou novamente. Pensou em tudo o que acontecera entre os dois...

Conheceram-se havia mais de um ano. Mas, de alguma forma não se levavam a sério. Ela sabia que ele a via como mais uma, então não deixou-se entrar na relação. Boicotou qualquer coisa que poderiam ter. Ele também não fez nenhum esforço e assim ficaram. Ou melhor, não ficaram.

Depois de mais de seis meses que se conheceram, e de toda a confusão, encontraram-se um dia numa roda de amigos. Eles nunca haviam deixado de se falar, mas não conversavam mais como antes. Parecia que o interesse havia acabado. Se é que algum dia existiu. Nunca conversaram sobre o que havia acontecido, parecia que não importava. Mas, naquela noite que se encontraram, começaram a conversar como se fosse a primeira vez.

Foi um recomeço. Começaram a se conhecer de novo, a sair e se re-interessaram um pelo outro. De repente, estavam namorando. Ela começou a se apaixonar e por mais que ele não demonstrasse, também parecia bastante envolvido. Estavam juntos há quase um ano já.

Entretanto, há alguns dias vinha percebendo-o distante. Parecia que ele escondia algo. Com o histórico dele, começou a pensar que podia ter outra, que ele estava saindo escondido. Sentiu-se insegura. Mas às 8 horas da manhã? Que estranho! Virou-se de lado e viu em cima da bancada a foto dos dois. Tentou acalmar-se e acabou dormindo de novo.

Ele abriu a porta devagar e observou-a dormindo. Como estava linda! Nunca pensava que se apaixonaria, muito menos por ela. No começo, ela era, realmente, só mais uma. Mas, só depois percebeu que apesar da forma dela ter fugido, que foi a pior possível, ele também a impulsionou para tal. Ambos erraram. Recomeçaram depois. Foi aí que ele realmente percebeu ela. Aos poucos, também se apaixonou e isso o tinha levado àquela decisão.

Aproximou-se da cama e beijou-lhe o rosto. Ela virou-se e abriu os olhos, sorrindo. Foi então que ele falou que precisava conversar com ela. Algo muito sério. Ele havia se formado fazia pouco tempo. Tinha um trabalho bom, entretanto havia sido convidado para ir embora, realizar um novo projeto, o qual iria ganhar muito bem e impulsionaria sua carreira.

- Ah, entao tu vai embora?!
- Não é bem assim. Eu só vou precisar ir no ano que vem.
- Ah...e para onde você vai?

Ela estava visivelmente triste. Seus olhos já enchiam de lágrimas. Não pensava que fosse acabar assim.

- Para a Alemanha.

Ele parecia tão seguro em suas palavras, parecia não perceber o quanto ela estava ficando magoada. O quanto aquilo a feria. Ela baixou a cabeça e foi levantando da cama. Ele a segurou pela mão.

- Eu quero que você vá comigo.
- han?

Aquilo não era o que ela estava esperando. Ficou totalmente surpresa com o que ele dizia. Um dos homens mais mulherengos que ela havia conhecido, tudo bem era seu namorado, mas queria que ela fosse embora com ele!? Como não ficar surpresa?

- É..é o tempo certo. Você se forma no fim do ano que vem. Dá tempo de sobra de organizar tudo para você ir comigo. A elaboração do projeto vai iniciar apenas no começo do ano, durante esse tempo, eu só vou precisar ir algumas vezes. A produção, em si, começa no fim do ano. E você ainda pode tentar teu mestrado.
- Tu pensou em tudo, né?
- As soluções vieram sozinhas.

Ela permaneceu calada. Sem saber o que dizer. Ele puxou do bolso uma caixa. E entregou a ela. Não. Não era um anel. Era um colar, com um pingente de coração com brilhantes.

- Achei que seria bom ser diferente...
- Isso é um pedido?
- Sim. É. Você quer?

Olhou para ele. Olhou para o colar em seus dedos. Olhou para ele de novo. Abriu um sorriso...
- Sim, quero!

Delicadamente, sorrindo, ele colocou o colar no pescoço dela, beijando-a. Entrelaçaram os dedos e ficaram assim, abraçados de mãos dadas.
- Te amo muito.
- Eu também.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

um encontro...

Nunca na sua vida tinha deixado de lado o que achava quanto naquele momento, não que ela se lembrasse. Estava ali e ali estava. Não procurava nada, simplesmente vivia naqule instante o que ele lhe apresentava. Sem planos, sem expectativas.

Ele apareceu aí. Nesse momento, nesse dia sem expectativas e, apesar da antipatia que por ele sentia, conseguiu abstraí-la a ponto de poder estar ali com ele. Permitiu-se conversar com ele e ser ela mesma e ouvi-lo sem raiva. Permitiu-se interessar-se e, acho, que deixar-se interessar. De alguma forma, por algum motivo houve um encontro ali. Único e imprevisível.

Não poderá nunca não lembrar dos longos instantes em que apenas se olharam. Profundamente. Buscavam algo, um no olhar do outro. O que buscavam podia não ser o mesmo e talvez nem eles tenham se dado conta do que procuravam, se é que realmente o faziam. O longo olhar não culminou em um beijo. O longo olhar talvez tenha culminado num conhecimento, silencioso, um do outro.

Algo após aquilo tudo modificou-a. Algo ali naquele encontro acrescentou-a. Algumas palavras dele, ela não esqueceu. Não só palavras, não só olhar. Ficou nela também aquela puxada pela mão, aquele abraço e o beijo. Poderia ser o único. Mas aconteceu no aqui - agora daquele momento e ficaria gravado nela como uma experiência vivida e, com certeza, nele também. Não importa se nunca acontecer de novo. Aquele encontro, naquela noite sem expectativas havia valido a pena e só isso lhe bastava.