quinta-feira, 26 de junho de 2008

You can't love me. I have a cold heart!

Depois de inúmeras decepções decidiu que não se apaixonaria mais. Apaixonar-se para quê? Para sofrer? Para se sentir infeliz quando acabasse? Para ficar na dúvida se era correspondida ou não? O melhor era congelar o "coração" e viver momentos. Pronto! Estava tudo resolvido, caso pensado. O melhor que faria era não sentir e isso dáva para fazer.

Resolveu viajar. E porque não? Viagens fazem bem para a cabeça e o coração. Abstrair-se de tudo que vivia, de tudo que viveu, nem que fosse por apenas um mês. Poderia conhecer pessoas e pelo simples fato de que "não era dali, não foi pra ficar" não precisaria se apegar. Não precisaria se preocupar em sentir algo, pois o lógico já era não sentir.

Conheceu um homem. Ou menino. Ou rapaz. Como queira chamá-lo. Também não era de lá, nem havia ido para ficar. Para ela tudo não havia passado de uma noite única. Alguns beijinhos e pronto. Talvez o veria no dia seguinte no albergue, talvez não, mas provavelmente indo embora dali, não o veria mais. Bem, não foi exatamente o que aconteceu.

Encontraram-se no dia seguinte. Constrangida, ela quase não falava nada. Ele ofereceu-se para pegar o trem com ela no dia seguinte. Para onde ele iria era o mesmo trem. Graças a lotação do trem não sentaram juntos. Ele desceu na parada errada e ela riu da idiotice dele. Achava-o bonitinho, mas não sentia nada. Conseguia finalmente não sentir.

Para sua surpresa encontrou-o dois dias depois. Sim, ela pararia numa cidade antes e iria para o mesmo destino que ele, mas a probabilidade de encontrá-lo era mínima. A cidade era grande e estava cheio de turistas. Mais um engano. Estava no mesmo albergue que ela. Conversando com outros brasileiros que nem ela. Acabaram saindo todos juntos, mas se perderam do resto do grupo e na madrugada de Paris, procuravam o endereço de onde estavam.

Foi, então, nessa hora que pararam para tentar comer. Ele reclamava de fome. Ela só queria se livrar dele. Sentaram à mesa e durante a conversa ele solta um: "I love you". Estática, a única coisa que ela conseguia dizer era que seu coração era de gelo. Que não estava preparada para isso. Desconversou e considerou que aquilo era conversa de bebado. Principalmente, quando, no dia seguinte, ele manda uma mensagem dizendo que estava de ressaca e nada lembrava.

No dia seguinte, ela já estava longe. Longe dele, longe daquela noite, longe de seu coração congelado. Não o viu mais, apesar de mais uma vez estarem na mesma cidade. Mandou alguns emails ainda. Ele lamentava não tê-la visto novamente. Ela sentia-se aliviada por isso. Mas, quando ele disse que tudo o que dissera não havia sido da boca para fora, apavorada, ela respondeu que o que ela dissera também não era.

Tinha o coração de gelo, ou pelo menos tentava tê-lo, e a última coisa que ela queria era gostar de alguém que morasse do outro lado do mundo, literalmente. Ficava triste de magoá-lo, se é que de fato o maguou, mas era sincera demais para não responder a verdade.

Ele nunca mais a escreveu. Disse não estar chateado, mas sumiu da vida dela, como ela queria que fosse. Permaneceu com seu coração congelado. Evitando se envolver mais profundamente com medo de sofrer.

O resultado disso foi um envolvimento inesperado. Diferente do caramujo que tentava ser, abriu-se de uma forma que só havia se aberto para uma pessoa. A pessoa que ela havia se apaixonado profundamente, amado loucamente e separado por brigar intensamente. Abriu-se e sofreu. Abriu-se, talvez, para a pessoa errada, na hora errada. E fechou-se para outros que podiam ser os certos. Outros que podiam acalentar seu coração e derreter o gelo que ela impôs para si.

Hoje não pode dizer que sofre. Hoje pode dizer que espera. Que tenta. Que procura. Que gostaria imensamente que alguém aparecesse para aquecer seu coração e repetir, cara a cara, a meia luz:"eu te amo".

quarta-feira, 18 de junho de 2008

todas as noites

Observava todas as noites o mesmo ritual. Ela trocava de roupa lentamente, colocando a camisola e jogando a roupa, seja ela qual fosse, na cadeira encostada na parede. Já nem se irritava mais com o fato de que isso podia amassar as suas roupas, que sempre estavam bem dobradas.

Entrava no banheiro como se ele não estivesse esperando por ela, acendia a luz do espelho e olhava o resto para ver como estava naquela noite. Lavava-se duas vezes, enxugando-se rapidamente com a toalha que estivesse mais perto e passando o hidratante. Escovava os dentes rapidamente e apagava a luz do espelho.

Saia do banheiro, apagando a luz e fechando a porta atrás de si. Soltava os cabelos, que, geralmente, estavam num coque todo desgrenhado e mexia neles, como uma forma de soltar os longos fios castanhos e lisos. Nessa hora olhava para ele. Com o mesmo olhar doce que olhava todas as noites. Com o mesmo olhar doce da primeira vez em que dormiram juntos e acordaram. Com o mesmo olhar doce de todas as manhãs.

Ele fazia o mesmo. Admirava todos os gestos dela. Dos mais desajeitados aos mais elaborados. Acompanhava silenciosamente todos os seus passos dentro do quarto antes de dormir e lembrava-se, todas as noites, de porque a amava tanto. Admirava sua simplicidade, sei jeitinho desengonçado, sua vaidade comedida. Havia noites em que ela não passava o hidratante, mas ainda assim o ritual era similar e ele gostava de observá-la.

Pegava o copo de água que estava sobre a cômoda, bebia-o todo, depois sentava-se na cama e o olhava. Deitava-se de uma vez na cama, de forma que ele, que estava de lado, sempre a abraçava e a beijava. Era um beijo longo, de boa noite, mas apaixonado como se fosse a primeira vez que se beijavam.

Ele a soltava lentamente, para que ela se virasse de lado e ele a abraçasse novamente. Dormiam assim. Ele abraçado nela, perdido no cheiro e nos fios daqueles longos cabelos lisos. Ela dormia abraçada, protegida por aquele que amava.

domingo, 15 de junho de 2008

- não vai dar certo.
- por quê não vai dar certo?
- por que eu vi todas as coisas que você fez...
- mas você também fez...eu ia ficar só olhando é?
- não, mas é diferente.
- o que é diferente?
- as coisas que eu fiz..
- para mim dá no mesmo.
- não, é diferente.
- e por quê é diferente?
- por que é!
- por quê você é homem e eu sou mulher? isso é machismo!
- não é bem assim.
- e, como é!? você diz que não vai dar certo, mas nem pára para tentar.
- ...
- diz que é porque você não gosta de mim, porque a gente não tem química, que a gente não tem nada em comum, que eu sou chata, que eu sou burra, que eu sou feia, que nosso beijo não combina, que você está apaixonado por outra...mas não diz que é porque 'é diferente', porque isso não justifica nada.
- ...

terça-feira, 3 de junho de 2008

uma vez por mês...

Uma vez por mês Mariana lembrava dele. Queria que o telefone tocasse e fosse ele, dizendo que estava com saudades. Dizendo que mudou de idéia.

Pensava se poderia ser diferente. Se as coisas acontecem quando têm que acontecer, então nada do que ela fizesse poderia mudar o resultado final. Será? Será que tudo é tão deterministico assim? Será que outras palavras, outras atitudes não poderiam trazer um resultado diferente? Ou será que os sentimentos que vivenciava diminuiriam ou mudariam?

Estava cansada de pensar nisso tudo, pois sabia que nada mudaria, que não poderia voltar no tempo. Hoje ele era apenas um "fantasma", que visitava seus pensamentos quando menos esperava.

Olhou para frente e viu aquele carro. O carro de Fernando.

Fernando tinha sido um turbilhão na vida de Mariana. Não, não era Fernando que atormentava seus pensamentos, ele apenas havia sido o motivo para ela se esquivar do "fantasma", que hoje lhe causava dor.

Fernando era tudo que o outro não era. Encantou-a por ser diferente. Mariana quis, principalmente, por saber que não poderia tê-lo, nunca.

Ao vê-la abraçou-a como se tudo nunca tivesse mudado entre eles. Mariana foi dura. Estava surpresa de vê-lo ali e não escondeu. Beijou-a como sempre fazia, sem vergonha, com a maior intimidade, como se fosse um hábito.

Mariana não resistiu. Entregou-se ao beijo como sempre fazia. Coincidentemente (?) estava com a mesma roupa que vestia no dia que soube do primeiro deslize de Fernando., no mesmo dia em que o seu "fantasma" a ligou pela primeira vez.

Fernando não notou a distância de Mariana. Continuou agradando-a como sempre fazia, fingindo que só existia ela, mesmo sabendo que não era verdade. Recebeu uma mensagem no celular, mas escondeu, como se não fosse nada. Mariana percebeu. Perguntou porque ele escondia a mensagem da outra. Fernando defendia-se, dizendo não haver outra.

Claro que não. Mariana era a outra. A da mensagem era a titular, a namorada, aquela que ele nem ousava comentar sobre.

Mariana ajeitou-se nos braços dele e ignorou. Não adiantava fazer nada. O melhor era aproveitar aquele momento, que não demoraria muito para acabar...

O despertador tocou. Mariana acordou atrasada. Tudo havia sido um sonho. Tinha sido tudo tão claro. Ela, Fernando, a mensagem...

Vestiu-se apressadamente, sem perceber que vestia a mesma roupa do sonho. No caminho para a aula lembrou-se dele. Não de Fernando, mas do outro, do seu "fantasma", aquele que, obrigatoriamente lembrava uma vez no mês. Faziam três meses da primeira ligação, ligaria de novo? Faziam três meses, mas pareciam menos. Foram poucos encontros, mas pareciam muito mais...

domingo, 1 de junho de 2008

para ela, meu exemplo...

Ela reclamou que no seu presente não tinha cartão dedicatória. Mas o que eu diria para ela? Mais uma vez que ela é meu exemplo maior? O que eu quero ser quando crescer? Que a amo e me orgulho dela?! Isso é o que venho tentando dizer todos os dias, ou pelo menos todos os anos (nas datas festivas) pelos últimos 19 anos...(sim, porque deve ter sido com aproximadamente 2 anos que consegui articular frases nesse nivel..hehehe)

E o pior, é que ela sabe disso. Sabe que eu a amo e que quando eu crescer quero ser igual a ela. Sabe que ela é minha base de sustentação, a pessoa a quem eu sempre recorro nas situações de problema, pois é sempre ela que vai dar solução mesmo...

Mas, mesmo assim, sabendo de tudo isso, do meu enorme amor por ela, ela se decepciona, se desaponta, se culpa, fica triste...E acho que ela não tem culpa. Sei que ela sempre fez de tudo para ser perfeita, mesmo sem querer ser. Sei que me deu todo o amor necessário e até mais, me ensinou a não mentir, a ser sincera e a confiar nela, pois ela confia em mim..Ou pelo menos confiava...

Fico triste de pensar nas vezes que ela desconfiou de mim, se desapontou, chorou, ficou com raiva, se magou comigo, nas vezes em que brigou comigo..Quero que ela saiba que não faço nada disso para deixá-la triste ou para desapontá-la, mas é a forma que eu tenho tentado aprender, por mais que ela ensine a aprender sem ser levando na cabeça..

Quero que ela saiba que cresci, mas que sempre serei a sua "bebê", sempre buscarei no seu colo conforto e respostas, mas que reconheço minhas responsabilidades, meus erros e todas as vezes que a deixei triste e que não quero mais que ela se decepcione comigo, mesmo sabendo que isso ainda pode acontecer...

Amo-a mais que a tudo..(não só a ela...)..e a perdôo por qualquer mágoa que me tenha causado...Por ela qualquer sacrificio seria válido e para ela que escrevo isso...

Escrevo como forma de dizer, mais uma vez, tudo o que ela já sabe...mas que eu nunca vou cansar de repetir...Te amo, mamãe!