quinta-feira, 7 de agosto de 2008

se todas as paixões fossem assim... (parte 1)

Foi amor à primeira vista. Os olhares se cruzaram e parecia que já nos conhecíamos a milhares de anos. Abaixei a cabeça, escondendo o sorriso que nascia em meu rosto. Minhas amigas perguntavam porque aquela cara boba e quando tornei a levantar o olhar, ele já não mais estava lá. Talvez tivesse sido apenas uma ilusão. Ele parecia com alguém que eu já conhecia, mas conhecia de onde?! Achei melhor esquecer, com certeza era ilusão.

Na manhã seguinte, quando estava na praia, eu o vi de novo. Desta vez não era ilusão, pois todas as minhas amigas o viram. Acho que ele estava tão envergonhado quanto eu, mas ainda assim teve coragem de vir falar comigo. Disse que tinha me visto na tarde anterior e que achava que me conhecia de algum lugar. Respondi que tinha tido a mesma impressão, ao que ele falou:
- Talvez estejamos destinados um ao outro.
- É...talvez. - respondi rindo.

Ele se apresentou e perguntou meu nome. Seu nome era Bruno. Ficamos conversando sem notar as horas passando, quando de repente, um de seus amigos grita chamando-o para ver o pôr-do-sol. Ele perguntou se me veria de novo, e a resposta veio naturalmente:
- Se o destino quiser...

Ele riu, um sorriso lindo, e se foi. Voltei para minhas amigas tão encantada, que fui acusada de estar apaixonada. Comentamos sobre ele e a conversa, enquanto a lua subia grande e redonda no céu, quase como saida de dentro do mar. A dona da noite estava bonita naquela noite e ela embalou meu sonho. Um sonho lindo em que eu e Bruno fugíamos de tudo para ficarmos juntos. Com certeza a lua ria, pois de alguma forma ela estava nos unindo.

Bruno era um amor de pessoa, carinhoso, simpático, inteligente e bonito. Era um tipo um pouco diferente, alto e forte, mas não em exagero, com olhos verdes e pele morena. Os cabelos ondulados, na maioria das vezes, revoltos com o vento davam uma cara de muleque a ele. O que mais me impressionavam eram seus olhos. O verde brilhava quando falava sobre o que gostava, principalmente, o mar. Era sensível e agradável. Parecia-me doce e honesto. A pessoa perfeita pra mim.

Quando acordei, corri para a praia. Esperei por horas na tentativa de encontrá-lo. Olhei a praia inteira, procurando quase desesperadamente aquele olhar. O meu olhar perdido já desistia de encontrá-lo quando o vi. Lindo, saindo do mar. Seus olhos verdes sorriam para mim e de repente até eu sorria. Ele me olhava de uma forma, dificil de explicar. Parecia penetrar na minha alma e capturar tudo de bom que tinha em mim. Veio em minha direção e sentou-se ao meu lado.
- Bom dia. - falei.
- Ótimo dia...ainda mais com você aqui.

Foi o bastante para que eu ficasse toda envergonhada. Ele pediu desculpas por ter saido sem se despedir no dia anterior, apesar de eu ter dito que não havia problema. Perguntou sobre o que eu tinha feito a noite e ficamos conversando. Ele então disse:
- Você vem muito nessa praia?
- Todas as férias. Por quê?
- É que eu queria te mostrar um lugar...Vem!

Nos levantamos e saímos andando. No começo fiquei na dúvida de onde ele me levaria, mas esse pensamento não durou muito, pois de repente percebi que ele havia parado.
- Já chegamos?
- Ainda não.
- Então por que você parou?
- Porque estava vendo como você é linda.

Novamente ele me deixou envergonhada. E, para quebrar o gelo jogou um punhado de areia em mim, começando a correr como uma criança travessa de dez anos. Corri atrás dele tentando jogar areia, mas ele era um pouco mais rápido que eu. Estava morta no momento em que ele disse:
- Gabi, este aqui é o paraíso.

Olhei ao meu redor, realmente era perfeito. Um rio que encontrava o mar, cercado de árvores e coqueiros, além de algumas pedras do outro lado. Era quase uma praia deserta, pois poucas pessoas iam lá. Fiquei feito uma abestada olhando como Deus era bom em ter criado um lugar assim, quando Bruno, que estava dentro d'água, jogou mais areia em mim. Corri para dentro e ficamos lá durante um bom tempo.

Saimos da água e sentei numa pedra, Bruno sentou-se ao meu lado e disse que era muito bom ter me levado ali, pois eu era especial. Nos olhamos profundamente durante um minuto que pareceu durar uma eternidade. Bruno se inclinou para me beijar e eu, para meu próprio espanto, virei a cara, me levantei e saí correndo. Acho que ele não entendeu nada, nem eu mesma me entendi. Apenas olhei para ele e falei:
- Acho melhor voltarmos, as meninas devem estar preocupadas.

Voltamos calados, sem nos olharmos. Tudo em minha cabeça estava confuso, já não sabia o que queria. Queria estar com ele, mas fugia dele. Como isso era possível? O que acontecia comigo? Já não via a hora de encontrar com minhas amigas e voltar para casa sem tocar nesse assunto. Sentia coisas que nunca havia sentido antes.

Quando chegamos onde o pessoal estava inventei que tinha que ir em casa e fui quase correndo. Minhas amigas ainda ficaram lá um tempo, mas deitada na cama eu apenas chorava. O que eu tinha feito? Se eu queria, talvez agora fosse tarde demais. Pensava em tudo o que haviamos conversado e tudo que havia sentido tão rapidamente e nessa confusão de sentimentos e pensamentos acabei adormecendo.

(tem continuação...)

Nenhum comentário: