quarta-feira, 24 de setembro de 2008

"não trate como prioridade..."

Estava encostada no parapeito. Era uma ampla varanda, mas não era sua casa. Olhava para o horizonte, as casas ao longe, as dunas e lá no fim um pontinho azul de mar. Abaixo a rua. Carros passavam. Pessoas também. Haviam árvores e um campo. Não pensava em nada, apenas deixava o vento alisar seu rosto e balançar seus cabelos. Seria possível não pensar em nada? Talvez apenas não concentrar-se em um ponto...

Ouviu passos. Não deu muita importância a eles. Deixou sua mente divagar por entre a paisagem...Eram passos arrastados. Vinham em sua direção. Suas divagações pararam. Saboa quem era e não queria que fosse. Sabia o que aconteceria quando ele a tocasse. Sabia que não conseguiria enfrentar.

Se existe diferença entre mentir e omitir, ela vivia num mundo de omissões. Não de sua parte, pois tentava ser sincera, mas as pessoas que a rodeavam, as pessoas com quem ela se relacionava pareciam não se preocupar tanto assim.

Sua vida estava pautada numa repetição. Havia conhecido alguém que a fizera sonhar. Uma pessoa que dizia querer casar-se com ela. Estranhamente ele escondia-a dos amigos. Ela não desconfiava de nada, até o dua em que o viu com outra. Em choque, deu-se conta de que não era nada para ele. A outra, na verdade, era ela.

Mas isso já faziam anos. Seu coração ferido parecia ter sarado, mas agora, de novo, envolvera-se com alguém na qual ela ficou na posição de "outra"...Independente de alguém que podia colocar-lhe na posição de uma, ela não entendia porque escolhia pessoas que não a escolhiam, quando as vezes ela podia até ter escolha...ela seguia escolhendo quem não a tratava como prioridade...

Não queria vê-lo, não queria enfrentá-lo, não quria que ele se aproximasse, mas os passos agora paravam atrás dela. Sentiu a respiração no seu cabelo, uma mão tocar-lhe, virou o rosto lentamente e surpreendeu-se com quem encontrou...


quarta-feira, 10 de setembro de 2008

como você se sente...

Você se compromete a não se envolver, não gostar de qualquer um, não se apaixonar. Afinal, para quê tudo isso se você não sabe do envolvimento da outra parte? Você se sente congelada, mas antes congelada do que sofrendo. É o que você pensa.

De repente você conhece alguém. E esse alguém de alguma forma, por algum motivo que você não consegue entender direito, mexe com você. E ele é legal, mas até então você não sabe de nada a respeito dele. Você tenta uma aproximação, leve, e percebe que não foi como você esperava. Você resolve deixar para lá.

E você deixa. Durante alguns dias nem se lembra dele. Até que ele ressurge. A partir daí você tenta se reaproximar, dessa vez um pouco mais enfática. Você vai se aproximando, as vezes parece amiga, mas não é bem isso que você quer.

Surge uma oportunidade de encontro e este ocorre. Você fica feliz. Você sente como se ele estivesse interessado, mas não sabe direito. Ele é um enigma. Algo que foge a sua compreensão. Alguém que você não consegue saber demais sobre. Outro encontro, mas uma vez amiga. Ele te enche de perguntas que te entregaria facilmente as quais você foge.

Você então toma uma decisão, a qual você não se arrepende, de tomar a iniciativa. De fazer algo que talvez nunca fizesse. Dá um primeiro passo que podia fazê-la cair. Age independente dele, independente de tudo. Acontece o que você não espera. Você cai. A ação dele não condiz com a sua. Você sofre. Fica triste.

Você começa a pensar que ele não está interessado. Tenta se re-erguer deixando-o para trás. Você não o procura. Nem ele te procura. Você se pergunta onde errou. Se a ação tinha sido muito ofensiva. Se sente mal por pensar que foi "trocada". Pior, se sente que foi "trocada" por nada.
Apenas por não ser do jeito que poderia ser ou por ter agido como agiu.

Você tenta esquecer. Conversa com as pessoas. Você não se arrepende, mas as pessoas te criticam, te condenam. Enquanto a ele? Não dá a mínima, como se nada houvesse ocorrido. Na verdade nem te procura.

Então você descobre que não foi "trocada" por nada. Que existe outra. Você fica triste de novo. Pensa em todos os seus valores e se compara.

Você está triste. Quer consolo, quer colo, quer compreensão. Quer não se sentir arrependida como todos te ajudam a sentir. Você se sente burra. E ao final de tudo você simplesmente não quer sentir, exatamente como havia se comprometido.