sábado, 24 de maio de 2008

lágrimas em um brigadeiro queimado...

Com uma taça de vinho na mão, perambulava pela casa como quem procura algo. Há tempos não se sentia como naquela noite. Procurava algo para comer, algo que preenchesse a falta que ela sentia. A falta que não compreendia, que não entedia, que a fazia chorar do nada, que a fazia intolerável com tudo.

Colocando o leite condensado com nescau no microondas, lembrou-se do primeiro sábado em que fizeram brigadeiro juntos. Primeira vez na casa dele, não podia deixar tudo sujo e a sua vontade de comer brigadeiro era imensa. Fizeram juntos, para assistirem ao filme depois, ele comprometeu-se de lavar a louça e assim não haveria problema para ela.

O “piiiiiiiiiiii” do microondas interrompeu seus pensamentos, mas não a tempo de não queimar o brigadeiro. Naquela noite não houve brigadeiro queimado, só amor, carinho e felicidade. Felicidade de um casal que muitas vezes não a compartilhava...

Uma lágrima rolou-lhe pelo rosto. Não sabia o que aquela lágrima significava. Não sabia do que sentia falta ou o que lhe fazia sofrer. Aquela noite já fazia tanto tempo agora. E não fazia mais nenhum sentido agora. Era passado. Algo bom, mas que não existia mais, não existia há muito tempo.

Com toda a auto-piedade existente nesses casos, assistia a uma comédia romântica e uma fala a fazia sentir-se ainda pior. “Se os homens não deixam todas as mulheres, então eles deixam a mim”. Sentia-se assim. Queria não pensar dessa forma, mas era impossível para ela. Pensava se, como no filme, encontraria alguém que gostasse dela como ela realmente era e que estaria, na maioria das vezes, presente na vida dela.

Gosto de pensar que a vida poderia ser uma comédia romântica e que conseguiria, um dia, seu tão sonhado “final feliz”, por mais distante que ele possa parecer...

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